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CRIE

CRIE
Centro de Referência à Inclusão Escolar

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Um diálogo sobre deficiência visual


Coube-me a tarefa de escrever um texto sobre a inclusão da pessoa com deficiência visual  no ensino regular  e eu me sinto muito à vontade para fazê-lo.
Começo esse diálogo, falando com muita sinceridade do meu ingresso no ensino especializado. Fiquei bastante insegura e temerosa a respeito do que me aguardava e repetia para mim mesma: “- Não sei lidar, não fui preparada, não vou ficar!”
O tempo foi passando e a convivência me permitiu perceber que pessoas com deficiência são sujeitos de direito e que têm desejos e necessidades assim como nós.
Procurei então transformar os meus temores em combustível o qual me impulsionou a buscar o conhecimento que não tinha para poder redesenhar a minha prática pedagógica.  
Resumindo, estou no ensino especializado há 18 anos. Comecei atuando na área de Déficit Intelectual e hoje atuo na Deficiência Visual. Sou uma entusiasta da Educação Inclusiva. Acredito nela!
Noto os avanços que essa área já alcançou e o quanto ainda precisa e pode avançar. Para isso, é preciso a contribuição de todos.
Faço esse preâmbulo para entrar no nosso conteúdo propriamente dito.
CONCEITUAÇÃO:
Por deficiência visual entende-se a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e após a melhor correção ótica, conforme definições médicas e educacionais.
Divide-se em cegueira e baixa visão:
·  Pessoas cegas – acuidade visual igual ou menor que 20/20, ou cujo campo visual é inferior a 20° no melhor olho; apresentam desde a ausência total da visão, até a perda da projeção da luz.
·  Pessoas com baixa visão – baixa acuidade significativa (6/20 e 6/60 no melhor olho), redução importante do campo visual, alterações corticais e ou sensibilidade aos contrastes que interferem ou que limitam o desempenho visual.

Se a pessoa tem a visão comprometida, ela passa a fazer uso acentuado dos demais sentidos, que são chamados sentidos remanescentes.
De posse dessas informações, podemos agora pensar em como lidar em sala de aula com a pessoa que já não vê ou que vê bem pouco:
1.        É importante ter clareza de que a pessoa com deficiência visual  precisa de referências, portanto dê normas claras, usando os termos: em cima, embaixo, esquerda, direita, na frente, atrás;
2.       Promova a independência do seu aluno encorajando-o a se locomover pelo espaço e buscar o material que deseja. Para isso a sala precisa estar organizada de forma que ele saiba onde estão todos os objetos. Lembre-se: sempre que for mudar algo de lugar, avise-o;
3.       Não permita que seu aluno fique em sala sem produzir. Se ele tem baixa visão e não consegue ler o que está escrito no quadro, permita que ele se aproxime quantas vezes achar necessário ou mesmo ofereça-lhe a atividade digitada com a fonte adequada à sua necessidade. Se ele é cego, precisa que tudo que está escrito no quadro seja lido em voz alta para que possa anotar usando reglete (instrumento utilizado para a escrita Braille). Isso pode ser feito por você e pelos colegas.
4.       A presença de uma pessoa com deficiência no ensino comum possibilita a prática dos valores (solidariedade, respeito, companheirismo...) tão esquecidos hoje. Se a turma for motivada a praticar esses bons hábitos, você terá excelentes colaboradores;
5.       Existem algumas situações em que o aluno com deficiência visual precisará de mais tempo para realizar a atividade, por exemplo, em atividades muito extensas.   
6.       Quando for planejar a aula lembre-se de que o aluno com deficiência visual precisará de materiais concretos para facilitar a sua aquisição do conhecimento. Importante: esse material beneficia a turma toda, torna a aula mais interessante e a aprendizagem mais significativa.
7.       Para os alunos que ainda não lêem e não escrevem uma forma de garantir a sua participação é explorando a sua oralidade, seja individualmente ou no coletivo. Trabalhos em dupla também são recomendados: a dupla discute as questões solicitadas pelo professor e o vidente assume a função de escriba, anotando a opinião emitida pelo colega com deficiência visual.
8.       O aluno cego também pode escrever com escrita cursiva. Informe-se se ele já tem esse domínio e inclua na sua rotina a assinatura do seu nome, pois assim ele pratica e não esquece os traçados.
9.       Por fim, em momentos de dúvidas e qualquer necessidade, conte com os profissionais das Salas de Recursos Multifuncionais e centro de atendimento especializado. Eles lhe receberão com muito carinho.


 Alessandra Santana Midlej Café - Pedagoga
Especializações: Psicopedagogia – Neuropsicologia – Educação Especial Inclusiva – Professora do Centro de Referência à Inclusão Escolar- CRIE, atuando na área de deficiência visual.

Informando...

A deficiência intelectual, ou deficiência mental, de acordo com a American Association on Intellectual and DevelopmentDisabilities - AAIDD (Associação Americana da Deficiência Intelectual e do Desenvolvimento), consiste no:
(...) funcionamento mental significativamente abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa, ou da sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação, cuidados especiais, habilidades sociais, desempenho na família e comodidade, independência na locomoção, saaúde, segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.
Quando falamos em deficiência intelectual é comum as pessoas fazerem uma relação imediata com doença mental. Não se engane, pois não é. A doença mental configura-se pela alteração da realidade e da percepção individual, o que, nem sempre, acontece com as pessoas com DI, as quais não apresentam sintomas patológicos como neuroses graves ou psicoses agudas.
Portanto a 1ª regra de relacionamento com pessoas com DI é: não tratá-las como doentes.
Outro ponto importante: as pessoas com DI levam mais tempo para aprender e compreender solicitações. Tenha paciência e explique quantas vezes forem necessárias para que ela possa entender o que está sendo pedido.
fonte: Manual de convivência - pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Dez de 2005, p18